O CASAL DANIELA OLIVEIRA E ANDRÉ LATTARI (ela mineira, ele paulistano) é sócio do escritório de arquitetura e design Vida de Vila, com oito verões de praça. “Nos conhecemos em Trancoso, em 2007, e cá estamos até hoje”, explica André. A casa de praia deles está localizada no encantador balneário — talvez ainda o destino favorito de jet setters daqui e lá de fora, desde que foi descoberto, há pouco mais de duas décadas, por turistas descolados que se apaixonaram pelo vilarejo de pescadores — com o seu charmoso Quadrado composto pelo casario colorido e igrejinha. No Sul da Bahia, a 780 km da capital, Salvador, a região tem clima quente e úmido o ano todo e é cercada pela Mata Atlântica, uma das poucas áreas litorâneas bem preservadas. O projeto pé na areia está edificado num terreno de 1.125 m2 e 487 m2 de área construída. O bloco principal, no térreo, leva sala de estar, TV, lavabo, cozinhas gourmet e funcional, lavanderia, despensa e duas varandas. O primeiro andar ganhou uma sala intima e duas suítes e na área externa hå lounge, piscina, ofurô e dois chalés (suítes). “Projetamos uma casa ampla, com muita luz natural e ventilação cruzada, poucas paredes e ambientes integrados, onde as dependências de hóspedes são separadas do corpo principal pela área de piscina. A morada de forte acento sustentável leva estrutura de tijolos ecológicos (que não vão ao forno). Metade das taubilhas utilizadas no telhado bem como as pegas estruturais e as portas de entrada são madeiras de casas e igrejas demolidas na região como pau-brasil, jacarandá, braúna, ipê e roxinho. “O piso se divide entre madeira de demolição, ladrilho hidráulico e o tradicional cimento queimado que também serviu de revestimento para as paredes das áreas molhadas (banheiros, cozinhas e lavanderia) e evita a manutenção periódica das tintas convencionais”, ressaltam. Uma parede de taipa de pilão, técnica centenária da igreja de Trancoso, foi construída na sala de estar para dar suporte ao jardim interno. Para a decoração, os profissionais investiram em acessórios garimpados em antiquários de Minas Gerais, ferros-velhos e fazendas. Também apostaram em criações exclusivas desenhadas por eles e executadas por artesãos nativos, como a capa de botijão de gás, em ágata, reaproveitada como luminária; cocho de vaca adaptado para ser ofurô; baú de caminhão que virou deposito ou tocos de árvores transformados em chuveiro, além de mesas, bancos, closets, cadeiras de balanço e outras. Com uma rica vegetação de Mata Atlântica, o paisagismo não precisou de muito para se sobressair e priorizou as plantas nativas da região, entre elas bromélias, helicônias, almescas, coqueiros, oitis, mangaba, manga e outros que tais de uma terra abençoada cujos coqueiros dão coco — como na canção.